Surfe e mamona?

de Lord

O seu quiver dos sonhos é também o quiver mágico para o planeta?

Quem nunca sonhou com um quiver recheado com inúmeras pranchas de surfe e de grandes shapers. Com o poder de escolha entre diversos volumes, modificações nas bordas, nos bicos, nas rabetas, além das triquilhas, quadriquilhas e por aí vai…

Um fato é que toda essa tecnologia faz parte de uma busca pela perfeita sintonia entre prancha, surfista e mar. Mas a realidade é que esse nosso quiver dos sonhos é, em geral, composto por produtos ecologicamente hostis, feitos de materiais e práticas insustentáveis para o planeta.

Pensando bem, estamos mesmo buscando a verdadeira sintonia com o mar?

É sobre uma nova alternativa que vamos falar hoje.

Arquivo pessoal Mario Ferminio

O impacto ambiental das pranchas de surfe

Hoje 80% dos materiais de surfe vem da indústria petroquímica, o que significa que geram resíduos poluentes desde a extração do petróleo até a produção dos equipamentos. Outro ponto importante é que dentre as 50.000 pranchas de surfe produzidas no Brasil, em um ano, 50% a 70% dos materiais utilizados são descartados em lixões e aterros sanitários sem qualquer tratamento ambiental adequado.

Estamos falando de materiais que são prejudiciais para o ser humano, que intensificam o efeito estufa e que são danosos até para a saúde das aves e dos mares.

Pranchas de resina vegetal: uma solução

Inconformado com todo esse cenário o shaper Mário Ferminio, percursor das pranchas epóxi no país, viu na mamona a chance de eliminar o material mais tóxico na produção das nossas pranchas (a resina) e de poder dar a primeira remada rumo ao outside das pranchas sustentáveis. Isso mesmo, na mamona!

Depois de produzir mais de 10 mil  pranchas epóxi, até para atletas do WCT, ele conheceu os perigos das resinas para os oceanos. Determinado a desenvolver uma alternativa mais sustentável, começou a trabalhar com uma resina proveniente das sementes da mamona.

“Ela já era usada para outras finalidades, mas não em pranchas. Quando comecei a fazer os testes, encontrei muitos problemas até chegar ao produto que tenho hoje”, ele nos conta que toda a sua bagagem de conhecimento desde a Europa, quando começou a se especializar, foi fundamental para o sucesso das pranchas verdes.

Arquivo pessoal Mario Ferminio


A seguir uma pequena entrevista com o shaper catarinense.

Qual a matéria-prima da resina vegetal?

A resina é feita a partir da mamona, o ”petróleo vegetal”. O óleo denso da manona se encaixou perfeitamente no processo de fabricação das pranchas e já é um produto comprovadamente ecológico.

Qual a vantagem dessa resina?

Hoje com o meu processo nós temos três resinas aplicadas em pranchas no mundo. A prancha de poliuretano com a resina poliéster, a prancha de EPS com a resina epóxi e a minha que é de isopor com resina vegetal. Eu acho que a grande vantagem é que a resina vegetal agrega em todas as partes, seja para o surfista, para o meio ambiente e também para a saúde dos laminadores, já que as resinas epóxi e poliéster liberam gases tóxicos para o planeta e para o ser humano.

A prancha de resina vegetal possui a mesma performance em comparação as outras opções?

Sim, é o mesmo. Eu surfei com essas pranchas, tenho experiência em competição então eu sei sentir muito uma prancha, além dos testes feitos por outros surfistas. Ela funciona bem parecida com uma prancha de poliuretano.

Quais os seus próximos passos com a resina vegetal?

Essa pandemia atrasou os meus planos, mas já tenho alguns contatos na Europa e quero poder levar a resina vegetal para lugares como a Califórnia, Havaí e Austrália. É uma alternativa muito importante para ficar só no Brasil, o surfe precisa evoluir muito em sustentabilidade e eu vou brigar por isso!

Protesto ecológico em Hossegor, 2007

Encontre as pranchas de resina vegetal do Mario no Instagram e Facebook da marca FOLHA by Ferminio.

E aí, seu quiver dos sonhos vai ser o quiver mágico para o planeta?

Você pode gostar

Deixar um comentário