Bitucas de cigarro viram pranchas de surfe

de Lord

Bitucas de cigarro viram pranchas de surfe

12 milhões de bitucas de cigarro são descartadas por dia, 5 trilhões de guimbas, como também são conhecidas, já poluem os oceanos de todo planeta. Estamos em guerra com as sacolas plásticas, os canudos e com as garrafas PET. Mas por que não falamos também sobre as bitucas de cigarro? Sobre o item mais encontrado nas nossas praias e oceanos?

Talvez seja pelo fato de a indústria do cigarro ser altamente lucrativa ou pela ideia de ser “apenas uma bituca”. Pensamos também na falta de informação sobre os impactos ambientais que as bitucas geram e até mesmo pela ausência de consciência pós-consumo. É urgente, não podemos ficar transferindo responsabilidades, precisamos combater essas grandes vilãs, e tudo começa pela informação.

O texto de hoje não é para falar sobre os impactos do cigarro na saúde dos fumantes, mesmo sendo um diálogo extremamente importante. Mas queremos despertar a consciência de que o fumante precisa ser um agente que busque mudanças no que diz respeito aos impactos desde a produção ao descarte dos cigarros.

Vamos aos números…

  • Com base em uma pesquisa do projeto Mundo Sem Bitucas, estima-se que 60% dos fumantes no Brasil tem o péssimo hábito de jogar bitucas nas ruas;
  • Os cigarros possuem mais de 4.700 substâncias tóxicas segundo o INCA;
  • O Brasil descarta 25.415 toneladas de lixo tóxico por ano, provenientes do cigarro;
  • As bitucas de cigarro são responsáveis por 25% dos incêndios florestais no Brasil;
  • A cada 300 cigarros produzidos 1 árvore é derrubada, ou seja, uma pessoa que fuma 1 maço de cigarro por dia sacrifica 1 árvore a cada 15 dias;
  • Segundo a ONG Cigarette Butt Pollution, 70% das aves e 30% das tartarugas marinhas já possuem resíduos de cigarro;
  • 95% dos filtros de cigarro são compostos por acetato de celulose, material de difícil degradação que pode levar cerca de 15 anos para se decompor.


Infelizmente não existe uma legislação específica na Política de Resíduos Sólidos para que as empresas no Brasil recolham e deem o destino correto para as bitucas.

Então…

O que fazer?

  • Nunca descarte cigarros e cinzas em praias, ruas, plantas, esgoto ou em águas;
  • Você pode carregar uma bituqueira para armazenar bitucas e cinzas ao sair de casa;
  • Cobre das indústrias de cigarro planos de coleta e destinação de resíduos;
  • Já existem vários projetos de reciclagem de bitucas como: Bitueco, Programa Coletor Ambiental, Rede Papel Bituca, procure um mais perto de você;
  • Reduza o consumo ou até mesmo pare de fumar;
  • Cobre do seu município e dos estabelecimentos que você frequenta a instalação de bituqueiras com destinação a reciclagem, sendo você fumante ou não;
  • Caso não participe da reciclagem descarte suas bitucas no lixo comum e lembre-se sempre de apagá-las.

Bituqueiras de bolso e bituqueiras fixas do Projeto Praia Sem Bituca

O surfe dando exemplo

As bitucas de cigarro já são um problema mundial, com base nas pesquisas da ONG Ocean Conservancy que promove limpezas de praias em mais de 100 países, desde 1896. O que não falta, e adoramos mostrar aqui, são pessoas fazendo a diferença em suas comunidades. O surfe não poderia ficar de fora dessa!

A seguir conheça dois projetos, um na Califórnia e outro em Santa Catarina que transformam as guimbas em pranchas de surfe. Essa foi a maneira que eles encontraram para chamar atenção sobre os impactos das bitucas para o ambiente marinho. Conheça a Cigarette Surfboard e o Projeto Bituca Zero.

Cigarette Surfboard

“Que tipo de lixo poderíamos recolher para fazer uma declaração urgente sobre a poluição das praias e dos oceanos? Algo que pudesse atrair os olhares apaixonados dos surfistas, ambientalistas e cidadãos comuns.”.

E assim nasceu na Califórnia, em 2017, a famosa e pioneira prancha feita com mais de 10 mil bitucas de cigarro pelo design industrial Taylor Lane. Testada por importantes surfistas como Jack Johnson, ganhou grande notoriedade e deu vida a um incrível documentário sobre poluição oceânica.

Foto Divulgação

Conheça mais sobre o projeto

Projeto Bituca Zero

O Brasil também tem o seu projeto. Incomodados com as bitucas na Praia de Itapirubá, em Santa Catarina, foram instaladas mais de 30 bituqueiras em toda praia. O resultado não poderia ser outro, o shaper Andrigo Porto Alegre transformou 1.600 bitucas em uma prancha de surfe que seria porta de entrada para a maior feira de pranchas de surfe na Califórnia.

Em entrevista à Waves Andrigo comenta, “a iniciativa é um alerta sobre a quantidade de microlixo nas praias. As bitucas de cigarro são um dos resíduos mais encontrados nos mutirões de limpeza em todo litoral brasileiro. A produção é também uma oportunidade de conectar a comunidade do surfe com a responsabilidade que devemos ter enquanto surfistas no cuidado com as praias e os oceanos. Sabemos que a nossa iniciativa não resolve o problema, mas ajuda a conscientizar e a incentivar o esporte, essa é a nossa intenção.”.

Foto Divulgação

Instagram do TrenchTown Surfboards

Tem algo que ninguém pode fazer por você que é a SUA PARTE. Lembre-se, não existe “isso é só uma bituca”. Até a próxima!

Aloha! #soulord

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